terça-feira, 17 de maio de 2011

A SERPENTE E O VAGALUME

Havia um recanto muito bonito,   cheio de flores e de muitas plantas ornamentais bem no meio de uma reserva florestal. Nele habitava um vaga-lume que gostava muito de passear à noite e sobrevoar as plantas, pousava nas flores para sentir o seu perfume e iluminá-las - durante o dia descansava entre as pétalas das rosas. O vaga-lume era muito feliz com sua vida pacata e com o lindo lugar onde morava.
          Certo dia, uma serpente, réptil muito venenoso e predador, foi morar no bosque, pois, para ela, era um lugar muito agradável, cheio de sapos e pererecas que “catavam” a noite e servia de cardápio para o requintado paladar daquela serpente. Não lhe faltava nada.
         Com o passar do tempo a serpente começou a observar a rotina de vida do vaga-lume, e o vendo sempre contente, voando, iluminando tudo e a todos por onde passava, a serpente passou a persegui-lo para capitula-lo.
         O vaga-lume percebendo a sua intenção começou a evitar qualquer contato com ela. Se estivesse numa árvore ou numa flor sentido o seu perfume e deliciando do seu néctar, bastava notar a presença da "marvada" que voava pra outro lugar, bem longe do alcance da dita cuja.
         Um belo dia estava o vaga-lume descansando dentro de um lírio, flor em forma de funil, por um momento de descuido seu, a serpente aproximou-se da “entrada” da flor, pôs ali a sua cabeça, fechando totalmente qualquer espaço que pudesse dar ao vaga-lume chance de escapar, e disse ao seu vizinho de "condomínio":
-      E aí "vaga", chegou a sua vez! Hoje eu vou ter um cardápio reluzente!
         O vaga-lume vendo a sua luz prestes a apagar em definitivo, pois não tinha qualquer chance de escapar da sua predadora, disse assim para a serpente:
-      Dona cobra, antes de devorar-me, pode conceder-me a oportunidade de lhe fazer três perguntas?
-     Sim.  Respondeu a serpente.
        Perguntou-lhe o vaga-lume:
-     Eu já te fiz algum mal, te perturbo, represento algum risco pra senhora?¹
-Não, que eu saiba. Você é totalmente inofensivo a mim, até me ilumina de vez em quando. Respondeu a serpente.
- Por acaso eu faço parte da sua cadeia alimentar?² Retrucou o Vaga-lume.
-Não. Eu prefiro camundongos, sapinhos, pererecas, que, aliás, tem muito neste bosque. De vez em quando, eu até como algum passarinho, mas não gosto muito por que as penas demoram digerir e me dá um pouco de azia, nossa! Respondeu a serpente aguando o vaga-lume terminar de fazer as três pergunta para lhe abocanhar.
         Por fim, a terceira e última pergunta:
-Se eu não te fiz mal, não represento risco e nem perturbo, não faço parte da sua cadeia alimentar, então por que a senhora quer devorar-me, dona cobra?
-Você tem luz própria, brilha, ilumina muito por onde passa; esse seu brilho, essa sua luminosidade sobre os outros muito me incomodam. Não agüento ver tudo isso em você. Respondeu a serpente.
        Conclusão: Quando uma pessoa começa a brilhar, fazer sucesso, ou simplesmente deixa de ser o nada e passa a ser alguém, isso incomoda muita gente, muitos invejosos passam a critica-lo e a falar o que não deve, sempre tentando desqualificar o seu trabalho, o seu sucesso – se alcançou sucesso – e até a sua dignidade.
       Solução: Estejamos todos preparados para quando as “serpentes” da vida se aproximarem, não sucumbirmos ao seu veneno. E quem pode nos preparar? Somente a fé em Deus, a humildade e a nossa luta com ardor e honestidade. Só assim que a nossa pequena luz de vaga-lume se transformará num holofote, e neutralizará todo o veneno de todas as serpentes.
         A inveja e o ódio envenenam a alma. Deixe-os somente para as cobras. Não devemos tê-los em nossos corações e nem no nosso meio. 
         Que Deus seja a luz que respladece em cada um dos  que lê esse texto, por que não dizer em que escreveu também?
 
Antonio de Zuca

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